quinta-feira, 17 de junho de 2010

Reunião de Pais/Trabalho com as Famílias

Reunião de Pais/Trabalho com as famílias

Resolvi fazer esta reflexão, uma vez que como estou a terminar o curso de educadora de infância, me preocupa muito como devo organizar uma reunião de pais e como devo manter um contacto mais intenso com as famílias.
Uma reunião de pais é uma aproximação entre a criança, a família e a escola. Deve ser um instrumento de comunicação, de partilha de informação e de esclarecimento de dúvidas, tanto por parte dos pais como do educador. Só assim, conseguiremos satisfazer as necessidades de cada criança e fazer com que ela cresça de uma forma mais saudável.
Para que uma reunião de pais seja mais rica, devemos prepará-la em equipa, tanto com a equipa da sala como com os pais. O educador em cada reunião que faz, deverá responder às dúvidas que poderão existir por parte da família, para que assim exista uma continuidade educativa e onde haja a “…responsabilidade de promover o trabalho de grupo, estabelecendo objectivos curriculares, colocando questões e resolvendo problemas.”[1] (HOHMANN, WEIKART, 2009: 130)
Para que este trabalho possa ser realizado, devemos ao longo do ano manter as portas abertas à família, ou seja, sempre que eles queiram entrar na instituição ou passar uma manhã na sala dos seus filhos, para que vejam o que estes fazem, o possam fazer.
É importante também, que numa reunião de pais haja uma partilha teórico-prática mas de uma forma lúdica, ou seja, pretende-se que os pais entendam e percebam o porquê da atitude e do trabalho do educador, mas não de uma forma “maçuda”. Como tal, o educador deverá arranjar certas estratégias de comunicação e de apresentação da informação para que assim, os pais de uma forma mais interessante possam compreender.
Através das reuniões de pais e da partilha de informação existente, temos de ter em conta que isto é, sobretudo, uma mais-valia para a criança, pois como já referi anteriormente, só assim é que poderá haver uma continuidade entre a casa e a escola. Tal como refere TAYLOR & BRICKMAN (1996) “se os adultos trabalharem em equipa, as crianças beneficiam de um programa que é variado, mas que tem uma linha unificadora.”[2] (p.189) Contudo, estas reuniões também são benéficas tanto para os pais, uma vez que valorizam mais o papel do educador, como para o educador, que aprende a valorizar o envolvimento da família quando lhes é dada voz activa.
Como tal, os principais objectivos de uma reunião de pais são:
Ø Promover o contacto social e a interacção;
Ø Veicular a troca de informação;
Ø Apoiar social, pessoal e emocionalmente a família;
Ø Criar redes de colaboração que permitam o trabalhar em equipa, com objectivos comuns e desenvolvendo a continuidade;
Ø Proporcionar assistência aos pais com o intuito de fortalecer o sistema familiar;
Ø Facultar acções de formação parental que lhes possibilite adquirir competências no sentido de apoiar a criança em casa.
Todos estes objectivos, farão com que haja uma aproximação mais rica entre os dois agentes educativos: escola e família.
Um dos receios mais frequentes de um educador de infância quando prepara uma reunião de pais, é a não comparência da família nestas reuniões. Para que isto não aconteça, o educador e a equipa da sala deverão ter objectivos conhecidos e disponibilidade para tirar dúvidas e conversar, sempre que os pais o necessitem.
O educador deve ser sincero e abrir o “baralho” aos pais, para que assim eles percebam e compreendam como devem agir perante certas atitudes das suas crianças.
Contudo, para que uma reunião de pais corra na perfeição, o educador de infância deverá apresentar uma ordem de trabalhos clara e concisa, e ter um diálogo que consista na cooperação mútua, ou seja, deverá proporcionar momentos em que sejam os pais a dirigir a reunião e a implementar questões que talvez sejam importantes também para os outros pais. Tal como refere RIGOLET (2006) “ (…) para criar, estabelecer e manter laços de parceria, torna-se imprescindível respeitar toda uma série de passos, dando-nos então a dimensão exacta do caminho percorrido e do ainda por percorrer”[3]
Todavia, o educador deverá preparar-se para o antes, para o durante e para o depois da reunião.
Antes de marcar a reunião, deverá marcar um dia e uma hora que agrade todos os participantes, porque infelizmente, devido à carga horária que as famílias têm, podem não estar presentes nas reuniões, não significando, isto, que não queiram participar.
Por norma, um educador de infância deverá marcar três reuniões anuais para poder falar de assuntos mais gerais sobre a faixa etária das crianças daquela sala. Numa primeira reunião, deverá ser apresentada detalhadamente a instituição onde a criança se encontra. Esta reunião deverá ser marcada com a devida antecedência e deverá ser realizada no final do ano lectivo anterior. A segunda reunião deverá ser marcada antes do inicio do ano lectivo, para que assim se fale sobre os assuntos gerais da instituição e os assuntos relativos a cada sala. Por último, deverá haver uma reunião algum tempo após o inicio do ano lectivo (em meados de Outubro), para a apresentação dos objectivos dos projectos pedagógicos.
Contudo, deverá haver outras reuniões que proporcionem a partilha de informação entre os pais. Poderão ser reuniões temáticas, onde um dos pais lança um tema/preocupação para que seja debatido durante a reunião. Como tal, o educador deverá mostrar-se disponível e aberto para ouvir todas as dúvidas dos pais, e para lhes apoiar e tranquilizar sobre certas atitudes.
Todavia, deverá haver contactos diários entre o educador e a família, na hora do acolhimento e na hora das famílias. Estes momentos servirão, para se houver alguma dúvida por parte dos pais, o educador a possa esclarecer. Estes momentos da rotina, também são muito propícios para que haja uma troca de informações por parte dos pais (quando a criança chega de manhã. Os pais contam como ela passou a noite ou como é que ela está de saúde), ou por parte do educador (o educador transmite informações aos pais no final de cada dia).
Antes de propor uma reunião, o educador deverá planificar o tema central da reunião, deverá preparar a convocatória e estabelecer um horário que seja favorável a qualquer membro. Durante a reunião, o educador deverá proporcionar aos pais uma reunião de qualidade e de diversidade. O depois da reunião não se pode esquecer. O educador deverá entregar uma síntese a cada pai para que assim eles não se esqueçam do que foi falado na reunião e para informar aqueles pais que não puderam estar presentes, sobre o que foi falado nesta reunião. Esta síntese deverá incluir uma reflexão e uma avaliação geral sobre a reunião. Ou seja, o educador deverá reflectir sobre as opiniões de cada pai e sobre as decisões tomadas em reunião.
Para que haja uma maior cumplicidade entre os pais e o educador nesta reunião, o educador deve mostrar-se disponível logo à entrada, recebendo cada pai com carinho e atenção; o ambiente dentro da sala deverá proporcionar segurança e conforto, para que assim os pais se sintam mais à vontade; e a reunião deverá ter um carácter lúdico, para permitir que os pais se descontraiam e interajam mais uns com os outros.
Para que tudo isto aconteça, o educador deverá mostrar-se sensível e flexível ao mesmo tempo que é capaz de escutar, adaptar, dosear a informação e equilibrar a programação.
Durante o meu período de estágio na Cáritas “O Sol”, não pude presenciar nenhuma reunião de pais. Contudo, assisti a várias programações de reuniões que foram feitas com e para os pais, como por exemplo, a reunião do dia de reis. Esta reunião foi feita, em certa parte, e aproveitando uma época festiva, para mostrar aos pais a evolução das suas crianças e as actividades que estas fazem na sala. Foi apresentado um power point com três imagens de cada criança, onde apareciam os momentos da refeição, os momentos da sesta e os momentos lúdicos.
Por outro lado, vejo diariamente o contacto que os pais têm com o educador. Quase todos os dias, os pais falam um pouco com a educadora, colocando-o as suas questões, angústias e pedindo, em certa parte, a ajuda do educador.
Gostava muito, no meu futuro, manter uma relação tão directa e tão saudável como os pais, porque, aliás, eles são os principais educadores das crianças que temos dentro da sala. Nós, só somos os agentes educativos que permite às crianças que haja uma continuidade entre a escola e a família. Tal como refere JESUS e NORONHA (1998) “É na família que a criança recebe os primeiros carinhos e ensinamentos, os primeiros comportamentos e valores. À escola cabe a tarefa de continuar a sua educação em colaboração estreita com a família.”[4] (p.92)
Em suma, “Se desempenharmos bem os nossos papéis enquanto progenitores, educadores e adultos carinhosos e apoiantes, levaremos as crianças a perceber como são as suas próprias famílias e aprender através das famílias das outras crianças.”[5] (p.100)

[1] HOHMANN, Mary; WEIKART, David P. (2009) – Educar a Criança. 5ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
[2] BRICKMAN, N; TAYLOR, L. (1996) – Aprendizagem activa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian
[3] RIGOLET, S. (2006) – Organizar e Gerir Reuniões de Pais: Como criar parcerias no jardim-de-infância. Porto: Porto Editora.
[4] JESUS,M; NORONHA, M. (1998) – Cooperação Escola/Família: Guia Facilitador. Lisboa: Ministério da Educação.
[5] HOHMANN, Mary; WEIKART, David P. (2007) – Educar a Criança. 5ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

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