quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sabura, porque existe sempre um lado bom das coisas!!!

Fig.1 As meninas a chegarem a Cova da Moura para a sua visita a este novo contexto.



Fig.2 Associação Cultural Moinho da Juventude, onde realizamos a nossa visita.



Fig.3 A beleza e a harmonia guiam-nos até a Creche.


Fig.4 O espaço exterior da Creche.



Fig. 5 As boas vindas são nos dadas por um poema de António Gedeão.



Fig. 6 O espaço exterior do Jardim de Infância.



Fig. 7 O Jardim de Infância.


Fig. 8 Um dos muitos paineis de azulejos que decoravam o exterior do Jardim de Infância.



Fig. 9 O exterior do JI com mais uns lindos azulejos.

Fig. 10 O Espaço Jovem

Fig. 11 O Espaço Jovem.


Fig. 12 O equipamento de som e o estúdio que a Associação possui e faz parte do Espaço Jovem.


Fig.13. Muito atentas a ouvir o Coordenador do CATL.



Fig. 14 O espaço do CATL, com imenso livros, jogos...

Fig.15 O CATL

Fig. 16 A rua que dá nome a Associação.


Fig.17 O MOINHO!!!

Fig.18 Como não podia faltar o nosso belissimo almoço!

Sabura a palavra de origem crioula que significa "apreciar aquilo que é bom, saborear”, palavra de ordem para um projecto que tem como principal objectivo demonstrar que a realidade vivida na Cova da Moura é completamente diferente da que é difundida pela comunicação social.

Conhecer o outro lado da Cova da Moura, é estar em contacto com o bairro (fig1), conhecer as suas ruas, as suas gentes, as suas rotinas, frequentar os locais que os moradores frequentam e conhecer um pouco da sua cultura. É viver na primeira pessoa esta aventura por um bairro tão estigmatizado aos olhos da sociedade, aos olhos de quem não vê a Sabura do Bairro.

Este projecto é apenas mais um entre tantos projectos desenvolvidos pela Associação Cultural Moinho da Juventude que dá resposta a diferentes valências, entre elas Creche (fig.4) e Jardim-de-infância (fig.7).

Apesar da associação ser toda ela construída em edifícios clandestinos, ela transmite a ideia de ser um grande lar. Assim que chegamos fomos acolhidos pelo lindíssimo poema de António Gedeão (fig 8), que relata exactamente aquilo que a associação é:

“Minha aldeia é todo o Mundo

todo o Mundo me pertence

aqui me encontro e confundo

com gente de todo o Mundo

que a todo o mundo pertence”

Esta visita deu-nos a conhecer um contexto totalmente diferente daquele a que estamos habituadas. Nunca tínhamos conhecido contextos de risco, isto porque até agora as nossas práticas nunca foram direccionadas para esta vertente.

Finalmente conhecemos o outro lado do muro e ficamos fascinadas, foi uma manhã riquíssima em aprendizagens, foi um despertar para uma realidade tão diferente da que vivemos diariamente mas uma realidade que nos fascinou e nos deixou o desejo de voltar. Depois de conhecermos a associação ficou a vontade de fazer parte desta família, de poder contribuir para o crescimento e a educação destas crianças que têm tanto para nos ensinar, que têm uma história de vida tão diferente da nossa, que vivem naquele bairro desacreditado mas que não deixam de ser crianças.

Este é um projecto que nos marcou pela diferença, pela força e por tornar o sonho em realidade “Deus quer, o Homem sonho e a Obra Nasce” (Fernando Pessoa, fig.8), o sonho de melhorar a qualidade de vida das crianças e Jovens da Cova da Moura. Foi muito interessante ver a quantidade de respostas que a associação dá para tentar diminuir o número de crianças e jovens de rua.

A nossa visita terminou com um almoço típico de Cabo-Verde no restaurante o Coqueiro, foi-nos servida carne de vaca com mandioca e arroz França, como sobremesa prova-mos diversos doces uns mais típicos do que outros mas todos com um saborzinho a Cabo-Verde. Estava realmente bom, podemos dizer que fizemos muito bom proveito.

Olhando para trás, é triste pensar a ideia com que fomos para ali, aquela ideia alienada de perigo, roubos, violência que vemos quase diariamente no ecrã da televisão. Saímos da Cova da Moura de coração cheio, felizes por ter-mos encontrado a Sabura que se esconde pelas ruas deste bairro.

Obrigada por nos terem dado esta oportunidade de conhecer o outro lado do espelho.

Filipa Sousa e Raquel Luís


1 comentário:

  1. Obrigada colega por teres partilhado esse vosso momento, fiquei com inveja desse almoço, ficou mesmo a faltar um funáná...
    Muito interessante, fico contente por vocês terem conhecido essa cultura tão "rica" que também faz parte da nossa.
    Passo a partilhar convosco um pouco do que cabo verde me transmitiu, o povo sente, sente, todo o povo sente sente...

    Poema do poeta Aguinaldo Fonseca

    "MÃE NEGRA"



    A mãe negra embala o filho.

    Canta a remota canção

    Que seus avós já cantavam

    Em noites sem madrugada.

    Canta, canta para o céu

    Tão estrelado e festivo.

    É para o céu que ela canta,

    Que o céu

    Às vezes também é negro.

    No céu

    Tão estrelado e festivo

    Não há branco, não há preto,

    Não há vermelho e amarelo.

    —Todos são anjos e santos

    Guardados por mãos divinas.

    A mãe negra não tem casa

    Nem carinhos de ninguém...

    A mãe negra é triste, triste,

    E tem um filho nos braços...

    Mas olha o céu estrelado

    E de repente sorri.

    Parece-lhe que cada estrela

    É uma mão acenando

    Com simpatia e saudade...

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