sexta-feira, 25 de junho de 2010

Acho importante partilhar aqui com voces um trabalho que fiz no 2º na disciplina de Literatura e Infancia. É um trabalho que fala sobre "Os Contos e o Desenvolvimento da criança"


OS CONTOS E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA


O contacto da criança com os livros é um instrumento importante de desenvolvimento pessoal, social e cognitivo. Mas o contacto com os livros é importante também para a criança construir as regras da escrita.

1. A Literatura Infantil

A literatura tradicional de transmissão oral entretanto recolhida e reescrita com maior ou menor fidelidade a determinadas fontes, ou objecto de adaptações modernas. Ao falarmos de literatura tradicional de transmissão oral, referimo-nos a contos populares, «rimas infantis», romances tradicionais, provérbios, etc., que originalmente chegavam ao conhecimento dos mais pequenos por via da oralidade. António Torrado, Alice Vieira e muitos outros antes deles se dedicam ou dedicaram à publicação, em livro, de textos resultantes de um trabalho de reescrita, adaptação ou recriação dessas composições inicialmente orais e que constituem um precioso património literário colectivo.
Merecem referência especial os contos tradicionais, originários
também da literatura popular oral, a que alguns escritores de assinalável talento narrativo, como Charles Perrault (França, finais séc. XVII), Jacob e Wilhelm Grimm (Alemanha, séc. XIX para o séc. XX), deram uma forma escrita literária.
Em lugar à parte cabem os contos de grandes autores como Hans Christian Andersen (Dinamarca, séc. XIX) e Oscar Wilde (Irlanda/Inglaterra, séc. XIX), por vezes qualificados também como tradicionais, mas que na verdade são produções originais, ainda que, aqui e acolá, possam ter sido influenciados pelo maravilhoso popular, os seus temas, motivos e personagens.

“Na literatura infantil, o produtor vai preocupar-se com fomentar a criatividade na criança: as histórias aproveitam não só o fantástico, o maravilhoso (as fadas, as gigantes, os anões, etc.), como vão explorar os aspectos mais poéticos, inéditos de pormenor do ambiente em que vive a criança, ou da natureza exótica que facilitem um maior contacto com a realidade distante.”
João David Pinto Correia, 1978

2. Que histórias/contos ler?

Os pais e as educadoras/os de infância podem seleccionar vários tipos de livros de histórias: livros só com gravuras; livros com gravuras e palavras; e conjuntos de cartões com gravuras que formam contos com sequência.
Qualquer destes livros é aconselhável (plano nacional de leitura), se a sua escolha corresponder ao gosto da criança.
Se a criança tiver oportunidade de lidar com vários livros de temas diferentes, ela/e acabará por seleccionar alguns da sua preferência.
A leitura repetida do mesmo livro só traz conveniências, por que a criança se sente feliz ao poder antecipar os acontecimentos da história e por ser capaz de fixar as características dos personagens.


3. Porquê ler histórias/contos?

Estudos realizados em 1990, mostram que as crianças pequenas, a quem se lia frequentemente histórias, mostravam possuir um vocabulário mais diversificado sobre a sociedade e a natureza e uma melhor preparação para se inicializarem na leitura e na escrita.
Na altura alguns autores acentuavam quatro estratégias com resultados positivos: ler repetidamente os livros favoritos da criança; conversar com as crianças sobre os seus contos favoritos e fazer acompanhar o contar do conto/histórias e a leitura de livros de actividades criativas, tais como desenhos, pinturas e expressão dramática.

“O livro é um objecto social na medida em que entre os milhares de objectos oferecidos à venda para crianças se dimensiona um espaço de produção, um espaço económico e um espaço social onde circulam ideias, as opiniões, os modelos de comportamentos propostos pelos autores, ilustradores e pelos críticos que são afinal: os pais, os professores, os bibliotecários, os animadores, etc., sempre que escolhem as obras a dar a ler às crianças.
O livro é também um objecto de prazer, porque em certa medida a criança encontra nele, a satisfação das necessidades reais. È enfim um objecto individual e colectivo cujo grau de comunicação do autor ao leitor, do individuo à massa é mensurável.
O livro é também um sujeito social, uma vez que tem na relação com a criança um estatuto especial.
Há quem cite definições de vários escritores e na sua experiência vivida com crianças, para apontar três elementos fundamentais na definição deste conceito literatura para a infância e juventude.”
Mercedes Manzano (1985)

4. A Voz da Leitura

Nas creches e jardins-de-infância, contar histórias em voz alta pode despertar o gosto pelos livros, criar abertura ao prazer da narrativa, desenvolver a sensibilidade estética. Mesmo estudantes com baixa motivação e “fraca competência” académica são frequentemente levados a ler, escrever e trabalhar com afinco depois de ouvirem narrativas lidas, contadas ou dramatizadas por educadores/as ou mesmo por outros intervenientes (actores, por exemplo).
Os percursos da leitura começam, quase sempre, sob a influência do ambiente familiar. Casas que fazem viver o livro marcam sensibilidades de leitura que se matem geralmente pela vida fora. Hoje importa questionar não apenas o “currículo da escola”, mas também dar atenção ao “currículo famílias”: um pai ou uma mãe devem contar histórias em voz alta aos seus filhos, sobretudo na infância.
Obviamente, nada disto se consegue por obrigação: é preciso sentir a história, ganhar prazer pelo relato. Para deixar gosto, no gosto pelo futuro.

5. Como ler histórias/contos?

Ocasiões há em que o/a irmã/ão mais velhos podem desempenhar esse papel de forma satisfatória, uma vez que ao adultos nem sempre são os melhores contadores de histórias.
Por vezes pode-se pedir a uma criança para contar um conto conhecido a outra criança, recorrendo a livros com gravuras. Em qualquer dos casos, é essencial dar tempo para que as crianças façam perguntas sobre o que ouvem e vêem e o adulto só deve responder às questões depois de se certificar de que nenhuma criança do grupo se revela capaz de o fazer. Um dos cuidados a ter em conta refere-se à necessidade de construir um ambiente familiar quando se está a contar a história.
Quando o educador/a pede a uma criança para recontar uma história, deve tomar algumas precauções: escolher uma história conhecida e que seja do agrado da criança e seleccionar histórias cujas personagens sejam familiares à criança.
A leitura e o contar de histórias são actividades essenciais ao desenvolvimento da criança e devem fazer parte do quotidiano do jardim-de-infância e do lar. A intimidade que se estabelece entre o adulto e as crianças corresponde ao momento de aprendizagem e de afecto que nenhuma criança pode dispensar no seu processo de desenvolvimento.

Anexos

Sumário Executivo
O Plano Nacional de Leitura é uma iniciativa do Governo, da responsabilidade do Ministério da Educação, em articulação com o Ministério da Cultura e o Gabinete do Ministro dos Assuntos Parlamentares.

Constitui uma resposta institucional à preocupação pelos níveis de literacia da população em geral e, em particular, dos jovens, significativamente inferiores à média europeia.

Concretiza-se num conjunto de estratégias destinadas a promover o desenvolvimento de competências nos domínios da leitura e da escrita, bem como o alargamento e aprofundamento dos hábitos de leitura, designadamente entre a população escolar.

O Plano Nacional de Leitura deverá estimular iniciativas que abranjam a população, desde a primeira infância até à idade adulta.

Sendo necessário adoptar uma estratégia faseada, elegem-se como público-alvo prioritário para uma primeira fase, a decorrer durante cinco anos, as crianças que frequentam a Educação Pré-escolar e as crianças que frequentam o Ensino Básico, em particular os primeiros seis anos de escolaridade.

No pressuposto de que, para atingir as crianças e os jovens, é indispensável mobilizar os principais responsáveis pela sua educação, consideram-se igualmente como segmentos do público-alvo privilegiado educadores, professores, pais, encarregados de educação, bibliotecários, animadores e mediadores de leitura.

As principais acções previstas são as seguintes:
• Promoção da leitura diária em Jardins-de-infância e Escolas de 1.º e 2.º Ciclos nas salas de aula
• Promoção da leitura em contexto familiar
• Promoção da leitura em bibliotecas públicas
• Promoção da leitura noutros contextos sociais
• Recurso aos órgãos de comunicação social e a campanhas para sensibilização da opinião pública
• Produção de programas (ou rubricas de programas) centrados no livro e na leitura, a emitir pela rádio e pela televisão
• Criação de blogs e chat-rooms sobre livros e leitura para crianças, jovens e adultos

Plano Nacional de Leitura será tecnicamente fundamentado por um conjunto de estudos que irão permitir: operacionalizar metas a atingir, em cada fase, prevendo-se, desde já, duas fases de cinco anos cada; criar instrumentos de avaliação para verificar a respectiva consecução; avaliar a eficácia das diferentes acções a lançar.

Para assegurar a comunicação dos programas e a interacção com as escolas e com todas as entidades envolvidas, será construído um site, em permanente actualização, com orientações de leitura para cada idade e com instrumentos metodológicos destinados a educadores, professores, pais, bibliotecários, mediadores, animadores e eventuais voluntários.

Serão também disponibilizadas acções de formação presenciais e on-line dirigidas a educadores, professores, mediadores, voluntários. As escolas e os jardins-de-infância deverão trabalhar com conjuntos diversificados de livros, adequados a cada nível de escolaridade, para leitura na aula, para leitura autónoma e para leitura em família.

Os Ministérios co-responsáveis pelo Plano definirão os recursos técnicos e financeiros para a execução dos respectivos programas.

Na primeira fase, deverão envolver-se parceiros, mecenas e patrocinadores, cujo contributo permitirá criar um ambiente social favorável ao alargamento de hábitos culturais na área do livro e da leitura.



BIBLIOGRAFIA:
• Bettelheim, Bruno, A Psicanálise dos Contos de Fadas
Bertrand Editora, 12º Edição, Viseu, Janeiro 2006
• Vários Autores, Revista Rua Sésamo, nº5
TV Guia Editora, Março 1990
• Vários Autores, Revista Rua Sésamo, nº37
TV Guia Editora, Setembro 1992
• Vários Autores, Revista Rua Sésamo, nº68
TV Guia Editora, Abril de 1995
• Jesualdo, A Literatura Infantil
Editora Cultix

PESQUISA:
• http://eselx.pt
• www.alcutur.org/2005/intervenções
• www.planonacionaldeleitura.gov.pt

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